A lavadeira

terça-feira, 7 de junho de 2011

Me preparando para ir...

Tudo bem. Já estou preparada para a despedida. Minha alma já foi embora de canudinho outras vezes. Aliás, será que eu ainda tenho alma?
Já chorei outras vezes, já doeu outras vezes, já achei que fosse morrer outras vezes. Já não liguei querendo muito ligar outras vezes.
Mas tô aqui. Viva. De novo. Como diria Marisa "vai chover quando o Sol descansar para que flores não faltem." É só dormir que amanhece de novo.
O mundo dá voltas mesmo e às vezes parece que a gente pára ou passa pelas mesmas estações. Só as pessoas nos vagões é que mudam...
Já tive esperanças e sofri com essa música uma vez. Agora ela vem fazer sentido de novo mais de um ano depois. Só que dessa vez não dói tanto mais.

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe


E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti


Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti


E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti


Escutando a música, espero seu nome aparecer no visor do meu celular. Mesmo sabendo que não vai aparecer. Não digo nunca mais, mas arrisco um nem tão cedo. E quando a vontade irrefreável de ligar me ataca... Bem, ela já não é mais tão irrefreável assim. Acho que isso é obra da maturidade. Mas a gente também pode chamar de calos, auto-estima, dignidade ou qualquer outro adjetivo que se aplique ao momento onde a gente já não se permite mais ser feita de capacho.
Não sei o que fazer com o status do Facebook, com as fotos naqueles álbuns, com a foto na minha mesa.
Se eu não tivesse feito tudo errado no começo, talvez teria dado tudo certo. Ou talvez não teria dado em nada e eu não teria vivido nada disso.
Não, não vejo mais beleza no drama, no sofrer. Não espero mais um pedido de casamento no closet de uma cobertura na Quinta Avenida, coroado por um Manolo Blahnik.
Não quero todo mundo me perguntando o que aconteceu, dar explicações, etc. Eu poderia dormir e acordar daqui a um mês, quando meu novo status já não seria novidade pra ninguém, quando seus amigos me esquecessem e eu esquecesse que conheci e gostei de muitos deles um dia.
Mas isso não é possível. Então a gente vai dando tempo ao tempo e sofrendo devagar pro impacto ser menor. Não há urgência em tirar você do meu coração, não há ninguém que possa, queira ou deva ocupá-lo por enquanto.
Uma vez pedi pra Deus tirar dos meus olhos a graça e a vontade de ver se realizando comigo aquelas cenas que vejo nos blogs de casamento que leio. Pra que eu não me frustrasse. Isso, claro, se não fosse pra ser você. E ele tirou. Não me vejo mais naquelas cenas por mais que adore um romance. Mas não acho que seja pra mim, não me vejo passando por isso. Pela simples e boa razão de me sentir magoada pensando que eu sou a única pessoa que quer isso. Por sentir que o noivo está sendo arrastado pro circo sem a menor vontade. Sei lá. Eu sei que não é assim. Que tem muito noivo por aí emocionado com o casamento. Mas não acho que eu vá ser abençoada com um espécime deste. Eu achei que fosse você. Assim como eu achei que fossem todos os outros. E no fim das contas, apesar de eu ter dado a raça por todos, não foi nenhum deles. E nem você.
Então aproveito a sua ausência neste momento pra fazer minhas malas com calma antes de sair da sua vida e voltar só pra minha. Pra não esquecer nada pra trás. Pra não ter pretexo pra tentar te olhar pela última vez pela fresta da porta. Pra que você possa trocar a fechadura. E eu jogar a chave fora.